"Desejo que este momento nunca termine..."

“Desejo que este momento nunca termine….”

É o que me ocorre na mente, sempre que subo para cima da minha mota. É um sentimento que dificilmente terá real descrição hermenêutica porque poucas serão as palavras que permitem desenhar, de forma tão fiel, o que nos preenche o espírito quando largamos a embraiagem e rodamos o punho da velocidade para nos perder pela estrada fora.

Nesse momento somos incorporados na paisagem, como que fazendo parte dela e em perfeito movimento, colorido, abrimos páginas da nossa história.

Tal como crianças grandes, não largamos um sorriso que estranhamente não descola, nem que a vaca tussa ou nem que a mosca (que teimosamente anda sempre em contramão) se estatele contra a nossa derme. Dói, é certo, mas faz parte…

Vejo os condutores dos carros a passar tão sisudos e embriagados pela monotonia da contingencia do espaço, quando nós temos o todo o universo à nossa volta e que a todo o tempo lhe podemos tocar...

Infelizes, penso eu…por não poderem saborear a tão simples e verdadeira poesia do movimento, cortado pelo vento que nos faz bailar em sincronia absoluta com a natureza que nos abraça…e o tempo, que não passa, mas desliza nos segundos, minutos e horas de magia pura das rodas a tocar no asfalto, dos sons, cheiros, dos altos, dos baixos, de todo o relevo que sentimos e que se faz sentir no tapete rolante que diante de nós se depõe….

É perceber que quando andamos de mota a vida ganha uma outra cor, dimensão e textura, beleza pura, sentimento perdido, verdade, mentira, só realmente o saberá quem já experimentou ou venha, ainda, a poder experimentar…

Procurei, também, perceber o que é ser motard…

Dizer que sei, na plenitude, o que tal significa, com tão pouco tempo de experiencia, seria falacioso…

Porém, fui encontrando algumas pistas provindas dos passeios em que participei, dos convívios com os verdadeiros Amigos e pelos relatos de todos aqueles que sinceramente nutrem esta paixão pelas duas rodas.

De forma resumida, consigo-a traduzir da seguinte forma:

Ser motard, é descobrir como é que eu consigo, exclusivamente partindo de mim, fazer realçar o que de mais positivo existe quando ando de mota, seja para mim ou seja para os outros e considerar que sempre que nela me faço deslocar, nunca estou sozinho (ainda que role sem pendura) …

De tão ingenua verdade, encaro-a como o fruto da amizade recebida dos meus amigos que cá andam já, há muitos anos, e que me ensinaram a perceber que o caminho se faz... e nao se compra já feito.

Como alguém um dia escreveu: “Sentir o tempo a passar é sinal de amadurecimento, mas saber aproveitar o tempo passar é sinal de inteligência que só se alcança com a maturidade que advém do tempo…”

Um bem-haja a todos quanto partilham o gosto das duas rodas e permitem que este tempo nunca se esgote nas nossas vidas!

Um abraço,
Nuno
[PS- Um especial abraço aos meus Amigos que me ensinaram que o gosto pelas motas vai muito para além de ter ou andar de mota!]

Um texto delicioso!

Nuno, estava com saudades das tuas "escritas".

Parabéns e obrigada por partilhares connosco.

Impecável Nuno.

Penso que todos aqui compreendem e se identificam perfeitamente com o rol de emoções que nos descreves, mas muito poucos têm como tu o dom da prosa para o exprimir tão intensa e fielmente!
É de facto preciso conhecer o Nuno pessoalmente para compreender a genuinidade do seu texto, eu tenho o imenso prazer altruísta de o ter por amigo e companheiro de passeios e aventuras.

Estar a teu lado neste teu crescimento como motociclista tem sido um enorme prazer, mas acredita meu mui caro Amigo a tua viagem ainda agora começou... daqui pra frente vai ser cada dia e cada semana melhor... acredites ou não este fenómeno parece não ter fim e com o passar dos anos e dos milhares de Kms apenas apura o gosto - o exemplo dos nossos amigos e colegas que andam nisto à 30 e 40 anos são disso testemunho!

Abraço meu caro, conto contigo a meu lado por muitos milhares de Kms!

Já há muito tempo que não lia um texto que descrevesse tão bem, e de uma forma tão graciosa, o prazer imenso que é viajar em cima de 2 rodas e deambular pela estrada com um sorriso do tamanho do mundo.

Parabéns por este texto, Nuno. Está divinal!

fez-me levantar os pelinhos todos dos braços, não porque está belo não porque está explicito, mas porque me sinto assim todos os dias a todas as horas em que me junto a ELA, e vamos por aí nessas viagens curtas ou longas, juntas!

obrigado pelo texto que já ajudou a minha manhã! de trabalho.

um abraço daqueles!

Paula, Pedro, Sandra e Caxi:

Obrigado pelas vossas palavras (e Pedro, assim não vale ....faço minhas as tuas palavras para ti! thanks Mate).

É realmente fa orma simples que encontrei de agradecer a todos e, em particular aos meus Amigos, pela companhia neste nossa estrada da vida.

E, como dizem, a forma mais natural fazer surgir um sorriso que teimosamente nao desaparece porque, a vontade que o momento nao termine, é bem mais forte que nós.

Obrigado!

Nuno

Caro Nuno,

Depois de ler o teu texto, e por mais que tente pensar noutra coisa, a única coisa que se me ocorre é:

Se fosses gaja, casava contigo!
( desculpem-me as senhoras/meninas/gajas por chamar gaja ás gajas mas é calão e não insulto. Podem chamar-me nomes feios que eu gosto )

Tá um show esse teu texto e acho que a todos nós nos diz muito pois acabamos por ver que afinal o "bichinho" até é um sentimento uno e colectivo.

Victor escreveu:Caro Nuno,

Depois de ler o teu texto, e por mais que tente pensar noutra coisa, a única coisa que se me ocorre é:

Se fosses gaja, casava contigo!
( desculpem-me as senhoras/meninas/gajas por chamar gaja ás gajas mas é calão e não insulto. Podem chamar-me nomes feios que eu gosto )

Tá um show esse teu texto e acho que a todos nós nos diz muito pois acabamos por ver que afinal o "bichinho" até é um sentimento uno e colectivo.

Nao sei se me deva sentir lisonjeado ou com medo...

Resumiste de forma 5* a razão de ser da minha mensagem!

Aquele abraço,
Nuno

Realmente Nuno, tudo o que dizes é o que sinto sempre que pego na minha moto também.

Foi um enorme prazer poder contar contigo nas tuas primeiras viagens, poder retirar e provavelmente também dar algumas dicas para que hoje possas rodar de uma forma mais livre por essas estradas fora.

Assim que possível será um prazer poder rodar contigo novamente, tu que tão eloquentemente consegues colocar no papel tudo o que vamos sentindo ao longo do nosso passeio.

Parabéns pelo belíssimo texto, Nuno.
Diria que já percebeste completamente o que é ser motocilcista.
Há muitos que chegam ao fim da vida sem perceber uma pequena parte disso.
Grande abraço.