Motas em Paris

Boa tarde

Tenho estado em Paris esta semana, em trabalho. Ainda por cá estou!

Não tenho tido tempo para visitar os locais A, B ou C. Mas já tive tempo para apreciar a quantidade enorme de motas que por aqui existe! Numa cidade maravilhosa, o colorido das pequenas scooters, mega scooters, motas desportivas, etc., enfim, todos os tipos de mota, fica muito bem!

É simplesmente inacreditável como uma cidade onde chove com uma frequência enorme, com muito frio no inverno, tem tantas motas. E não há dúvida que tal se deve enquanto opção económica, prática, rápida, de estacionamento fácil e com mobilidade elevada. Estas questões assumem por aqui importância elevada, pois os "bouchons" são frequentes e de levar os nervos aos arames.

Também gostei de ver várias Gold Wing 1800 e uma frota delas junto a Notre Dame, todas para aluguer e transporte de passageiros, ou seja, moto-taxi. Mas que maravilha será ir naquele banco de trás a ultrapassar legalmente as imensas filas de trânsito através da faixa de BUS.

Noutras cidades como Roma, Florença, Milão, Nice, Bascelona, etc. já estava à espera de ver motas em quantidade, pois o clima é favorável. Mas nunca pensei que em Paris houvesse a mesma "moda".

Tudo isto para dizer que é uma lição que julgo que os portugueses e muito em particular os lisboetas ainda não aprenderam. COmo é possível que em Portugal não se assista a este crescimento? Não é pelo preço das motas nem pelos impostos e a questão da condução das 125cc por automobilistas também não explica. Questão cultural?

A primeira conclusão é que os portugueses gostam de sofrer!

Pedro Gordo
Leiria

Boas Pedro,

Acho que em parte tens razão, mas só em parte.
Entendo que os Estados e as Sociedades têm o dever e a obrigação de dar os empurrões decisivos, pare se obterem crescimentos qualitativos.
Assim, em toda a europa com Licença de Condução de ligeiros, podes conduzir motos de 125cc e em Itália de 150cc (Já que nesse país só com mais de 125 cc é que podes andar em Vias Rápidas e AEs). Mas, também, se criam faixas zebradas para os motociclos se posicionarem, à frente, nos semáforos. Permite-se a condução na faixa de BUS desde que hajam cogestionamentos. Permite-se no centro das cidades e particularmente nos locais de mais tráfego que as motos estacionem em cima dos passeios e ciadades que limitam o acesso pelo pagamento de portagem, liberam às motos. Os Autarcas (como o Mayor de Londres) e os Primeiros Ministro (como Tony Blair) dizem publicamente que, hoje, andar de moto é, entre outras, uma atitude de inteligência.

Se me permites, na minha opinião, é realmente um problema de cultura, mas de cultura de quem está no poder!

Abraço
PedroSL

Apesar de não gostar nada da chamada "Cidade Luz", assim como da restante França, tenho que admitir que a cultura motociclista é bastante diferente da que se encontra em Portugal, aí vive-se a moto como uma forma mais prática de chegar do ponto A ao B, enquanto que por cá ela é vista mais como um objecto de luxo, infelizmente.

PedroSL escreveu:Se me permites, na minha opinião, é realmente um problema de cultura, mas de cultura de quem está no poder!

Eu não o diria melhor... muito bem exposto!!

pedrogordo escreveu:

É simplesmente inacreditável como uma cidade onde chove com uma frequência enorme, com muito frio no inverno, tem tantas motas. E não há dúvida que tal se deve enquanto opção económica, prática, rápida, de estacionamento fácil e com mobilidade elevada. Estas questões assumem por aqui importância elevada, pois os "bouchons" são frequentes e de levar os nervos aos arames.

É isso mesmo! Vivi alguns anos nessa cidade e a moto foi sempre o meu meio de transporte. Passei aí de moto em viagem no ano passado e pude constatar que a moto tem a mesma presença que outrora no trânsito.

Concordo com ambos os Pedros. A razão da diferença de atitude é cultural e transversal à sociedade, de todos nós *e* de quem está no poder. Olhamos todos para a mota de uma forma diferente do que os franceses ou alemães (onde o clima é ainda mais áspero!), por exemplo. Afinal estamos todos banhados pela mesma cultura, não é?

Continuação de boa estadia por aí!

Zé Paulo.